quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

capítulo 1: A INFLUÊNCIA EUROPÉIA NA NOSSA HISTÓRIA

A INFLUÊNCIA EUROPÉIA NA NOSSA HISTÓRIA
A Inglaterra, durante a Revolução Industrial, vira soberana dos mares e expande suas vendas para os mercados mundiais graças ao acúmulo de capitais ― em grande parte também graças ao comércio com Portugal, que passou de mão-beijada o ouro que extraía do Brasil para os cofres ingleses, pelas Cruzadas que a possibilitou a grande escala de vendas do algodão para os soldados pobres e pelo capital acumulado no tráfico de escravos ― o que a fez investir em estradas de ferro e numa forte armada que faziam sua economia ir de vento em popa. A Inglaterra precisa de consumidores e por isso obriga os países a libertarem os seus escravos e proíbe o tráfico escravocrata.

No século XIX a Inglaterra necessitava de algodão, além de outras matérias primas que ela buscava em outros locais, por esse motivo nasce o comércio com o Ceará, por que aqui se produzia algodão de qualidade e por ser mais próximo do que a Índia, a outra fonte para essa matéria prima.

Todos os pontos que produziam matérias-primas para a Inglaterra receberam estradas de ferro, inclusive Fortaleza, ― 2ª estrada de ferro do Brasil ― que vem a ser o primeiro pólo econômico do Ceará, sendo Sobral o segundo, sofrendo assim um surto de construção desenfreada, além de uma forte influência européia. A elite sobralense, nesse período, manda seus filhos estudarem na Inglaterra, através do porto da Baleia, em Itapipoca, tendo nome de rua em inglês em Sobral e até o auto-bus (o ônibus escolar inglês), quando surgem os Gomes e a elite do Vale do Jaguaribe produtora de leite e carne.

Até então, o Norte só havia sido colônia de exploração, ― quase todas as cidades do Ceará surgiram de aldeamentos missionários, onde os índios não poderiam ser mortos, ― enquanto o sul foi uma espécie de colônia de povoamento, com a migração de açorianos, ilha de Açores dominada por Portugal, mas solteiros eram barrados, (a cidade de Florianópolis [Santa Catarina] era ponto de abastecimento dos navios quando iam buscar prata no “mar del Plata”, assim como São Francisco do Sul [Paraná] e outras cidades do sul.) entre os séculos XVI e XIX, e talvez por isso, seja mais desenvolvido que o restante do país. Outros que também migraram para o sul do Brasil foram italianos e alemães, com pequenas propriedades familiares (também para Santa Catarina e Paraná).

Os ingleses é que sufocaram as rebeliões separatistas no Brasil, como a Confederação do Equador, a Balaiada, Sabinada e outras, exceto a Farroupilha, onde Garibaldi ajudou e volta para a Itália para a unificar, daí, italianos migram para o Brasil depois; além dos alemães, a Alemanha só se une num Estado em 1989.

A influência de pensamentos europeus é inevitável no Brasil e esses pensamentos importados fazem parte em vários momentos da nossa história, inclusive na Confederação do Equador.

As rebeliões de caráter centrífugos, ocorridas no Brasil no período que cobre os anos do século XVIII e a primeira metade do século XIX, inscreveram-se no quadro um tanto difuso para a realidade brasileira pré e pós-independência das idéias liberais importadas da Europa. Esse momento expressou a crise em que estava mergulhado o Antigo Sistema Colonial mercantilista, na medida em que o capitalismo industrial buscava redefinir as relações metrópole-colônia no sentido da expansão dos mercados.

Esse processo foi direcionado, internamente, no bojo dos conflitos e contradições entre as frações que compunham as elites dominantes do Brasil no caminho do amoldamento do Estado nacional .

Depois da Independência, se é que assim podemos chamar um governo imperial com um rei português a governar o que hoje chamamos de país de terceiro mundo, sob o governo agora de Pedro II, proclama-se a República através de um golpe militar encabeçado por Benjamim Constant, onde assume o Marechal Deodoro da Fonseca e em seguida o Marechal (de ferro) Floriano Peixoto, que com seus excessos acarretou as revoltas Federalista e da Armada (ou Chibata). Depois dos marechais assume o primeiro civil, Prudente de Morais, com a Guerra de Canudos como marca mais forte do período que durou o seu governo.

Os últimos anos do século XIX foram significativos para a história do Brasil. Iniciava-se uma fase instável de transformações, motivada pela crescente penetração de capitais estrangeiros (...). Enquanto as populações urbanas das grandes capitais, sobretudo no sul, viviam um surto de desenvolvimento nunca visto, as populações rurais continuavam na mais desolada miséria.

Diante desse panorama econômico e social marcado pelo contraste, surgiram movimentos de revolta popular (...)

Dentre eles destacou-se o ocorrido nos sertões da Bahia, entre 1896 e 1897, durante o governo de Prudente de Morais .

Além da questão do Encilhamento, ainda no governo de Prudente de Morais, encabeçado por Rui Barbosa, que manda emitir muito dinheiro e com isso o Banco empresta dinheiro para aplicadores da Bolsa que vendem as ações pelo dobro antes mesmo de darem 10% de lucro, o que causou uma enorme dívida interna, e com isso a inflação, a queda desenfreada no câmbio que facilita a prática de estrangeiros virem montar suas empresas no Brasil, uma vez que a nossa moeda estava super desvalorizada. Com isso, muitos enriquecem e empobrecem da noite para o dia, exceto os burgueses estrangeiros que só ascendem.

Houve, de Norte a Sul, um surto de epidemias, causado em parte pelas migrações que inchavam as grandes cidades e pelas construções desenfreadas e desorganizadas do dito progresso que construía sem um bom planejamento de saneamento básico.

(...) se por um lado as populações urbanas vivam a urbanização e o progresso, por outro, sofriam as conseqüências da rapidez com que se via esse processo: dificuldade de moradia, precárias condições sanitárias e epidemias.

No campo, onde viviam 80% da população, a situação era bem pior, sobretudo no Nordeste, pois as condições naturais adversas eram um agravante. A grande seca de 1877 a 1879, por exemplo, foi responsável por uma migração massiva de nordestinos. E isso se repetiu em 1888, 1889, 1900 e 1915. (...) Pelo menos meio milhão desses nordestinos dirigiu-se para a Amazônia, entre 1880 e 1910, atraído pelo surto da borracha. Outros migraram, sem sucesso para o Sudeste, onde já havia a forte presença do imigrante europeu. (...)

É provável que um dos padeiros, Antônio Bezerra, da segunda fase, tenha ido para a Amazônia nesse período do surto da borracha. Percebemos isso pelo texto “Carteira”, onde Bezerra escreve e assina sem o pseudônimo, (a saber: André Carnaúba) uma despedida onde mostra seu profundo amor à pátria, à república, ao Ceará e as associações das quais participou ― Instituto do Ceará, Academia Cearense, Padaria Espiritual, Centro Literário, Propagadora da arboricultura, Conferencias de S. Vicente de Paulo e Congresso de Sciencias Praticas.

< Devendo partir amanhã para a capital do Amazonas, donde talvez não volte mais, (...)

As minhas amadas associações ― Instituto do Ceará, Academia Cearense, Padaria Espiritual, Centro Literário, Propagadora da arboricultura, Conferências de S. Vicente de Paulo e Congresso de Sciencias Praticas, os mais sinceros votos pelo seu engrandecimento e prosperidade, sobretudo pela ultima que distribui instrução gratuita às crianças pobres empregadas nas fábricas e officinas, da qual fui indignamente presidente por tempo de dois annos. mantendo-a com sacrifício, e invoco a generosidade dos meus patricios: não deixem desaparecer esta sociedade, que presta o maior serviço a nossa patria. leventando o espirito das classes pobres, dos homens d’amanhã; (...)

E a terra de meu berço, o meu idolatrado Ceará. ao qual desde criança dediquei o meu esforço e vitalidade. servindo-o como voluntario da Patria. como abolicionista. como republicano, como professor de preparatorios durante desoito annos gratuitamente: como jornalista. como escriptor em seis livros em que procurei-lhe o renome e a gloria. como historiador salientando-lhe os seus nobres feitos e grandezas naturaes, como empregado de Fazenda em inúmeras comissões ao interior. a Pernambuco e ao Rio de Janeiro, na Exposição preparatoria de Chicago, que pagou meus extremos de filho com muita ingratidão e injustiça (...) toda vez que a minha querida terra precise de meus serviços, estarei ao seu lado, com extremado amor que lhe consagro, para defender, ainda á custa da propria vida, a sua soberania e integridade.

Outras características do século XIX são as múltiplas oligarquias geradas pelo coronelismo, que sustentava o voto de cabresto ― que, de certo modo, ainda existe a olhos vistos no interior, aliado a compra de voto em larga escala, o que é um crime de prática comum. Contam-se aqueles que não recebem voto por troca de favores em vez da competência que deveriam ter para atuar em tais cargos de “representação pública” ― e que para alguns é a causa do cangaço iniciado por Antônio Silvino ( 1896 ― 1914) e do messianismo, como no caso de Antônio Mendes Maciel, o “Conselheiro” cearense em Belo Monte, mais conhecido como “Canudos”; episódio conhecido entre os mais sangrentos da nossa história, com a guerra civil contra o governo Prudente de Morais, (1896 ―1897) que ganhou repercussão graças ao livro de Euclides da Cunha, “Os sertões”.

Indiferente às crises políticas das quais pouco tinha notícia, o homem do campo vivia num mundo à parte: isolado dos meios de comunicação e transporte ― as ferrovias só atingiam as zonas de interesse econômico ―, esquecendo pelas sociedades urbanas e praticamente abandonado pelas autoridades federais e estaduais.

O analfabetismo, a fome e o abuso de autoridade exercido pelos coronéis faziam com que o sertão fosse um espaço muito diferente do resto do país. Ali vigoravam apenas as leis de cada um, baseadas na violência e no desmando.

O sertanejo, então sem perspectivas, tinha poucas opções de sobrevivência. Uma delas era o cangaço (...)
Os cangaceiros, ainda que de forma inconsciente, rebelaram-se contra a situação opressiva e miserável do sertão (...)

Uma outra opção para o sertanejo era ingressar em seitas religiosas. (...) pois a extrema miséria nordestina favorecia o surgimento de movimentos messiânicos.

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